Teoria do Não-Objeto de Ferreira Gullar
Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto, cinza e azul. 1921 - Piet Mondrian
"O problema que Mondrian se propôs não podia ser resolvido pela teoria. Se ele tentou destruir o plano com o uso das grandes linhas pretas que cortam a tela de uma borda a outra — indicando que ela confina com o espaco exterior — , ainda essas linhas se opõem a um fundo, e a contradição espaco-objeto reaparece. "
Meules. 1890 - Claude Monet
"A tela em branco, para o pintor tradicional, era o mero suporte material sobre o qual ele esboçava a sugestão do espaço natural. Em seguida, esse espaço sugerido, essa metáfora do mundo, era rodeada por uma moldura cuja função fundamental era inseri-lo no mundo. Essa moldura era o meio-termo entre a ficção e a realidade, ponte e amurada que, protegendo o quadro, o espaço fictício, ao mesmo tempo fazia-o comunicar-se, sem choques, com o espaço exterior, real."
Merzbau (Casa Merz), 1923. Hannover, Alemanha. - Kurt Schwitters.
"Quando mais tarde o dadaísta Kurt Schwitters constrói o seu Merzbau — feito com objetos ou fragmentos de objetos achados na rua — ainda é a mesma intenção que se amplia, já agora livre da moldura, no espaço real. Nessa altura, a obra de arte e os objetos parecem confundir-se."
Dual Form with Chromium Rods. 1946 - László Moholy-Nagy
Sem título, Amilcar de Castro, 1979
"[...] se conclui que a pintura e a escultura atuais convergem para um ponto comum, afastando-se cada vez mais de suas origens. Tornam-se objetos especiais — não-objetos — para os quais as denominações de pintura e escultura já talvez não tenham muita propriedade."
Nature morte avec melon. 1872 - Claude Monet
"Um objeto representado é quase-objeto: é como se fosse um objeto: ele se desprende da condição de objeto, mas não atinge a de não-objeto: é, com referência ao objeto real, um objeto fictício. O não-objeto não é uma representação mas uma presentação. Se o objeto está num extremo da experiência, o não-objeto está no outro, e o objeto representado está entre os dois, a meio caminho."
Quadrado Preto. 1924 - Kazimir Malevich
"[...] a figura do objeto já não aparece em seus quadros, mas, para Malevitch, o quadrado preto sobre fundo branco é a "sensibilidade da ausência do objeto" e, para Mondrian, as verticais e horizontais exprimem o conflito fundamental da natureza. Noutras palavras, essas formas e linhas geométricas substituem ali os objetos, são uma alusão extrema a eles."
Contra- Relevo de Canto. 1914 - Vladimir Tátlin
"[...] os contra-relevos de Tatlin, as arquiteturas suprematistas de Malevitch estão fora das definições do que seja pintura, escultura, arquitetura. O mesmo se dá com os trabalhos do grupo neoconcreto e daí o nome de não-objeto. "
Máscara Abismo com Tapa-olhos. 1968 - Lygia Clark
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